sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Mitos e lendas-Godos


Os godos (Gótico: Gutans) eram um dos povos germânicos que, de acordo com suas tradições, era originário das regiões meridionais da Escandinávia (especificamente de Gotland e Götaland). Eles migraram em direção ao sul e conquistaram partes do Império Romano na Ibéria e na Itália.Duas tribos muito próximas, os Gutar e os Götar, permaneceram na Escandinávia e também são freqüentemente chamados de godos, são tratados separadamente, como gotlanders e geats respectivamente. Segundo sua própria lenda, relatada pelo historiador godo Jordanes em meados do século VI, os godos, sob o comando do rei Berig, chegaram em três barcos ao sul do mar Báltico, onde se instalaram após derrotar os vândalos e outros povos germânicos. O historiador romano Tácito registra que, nessa época, os godos se distinguiam por usarem escudos redondos e espadas curtas e obedecerem fielmente a seus reis.
O povo godo abandonou a região do rio Vístula, que corresponde à atual Polónia, durante o reinado de Filimer, na segunda metade do século II, e chegou ao mar Negro após muitas aventuras. Foi possivelmente a pressão dos godos que obrigou outros povos germânicos a exercerem, por sua vez, uma forte pressão na fronteira do Danúbio com o império romano, na época do imperador Marco Aurélio. Durante o século III, foram muitas as incursões godas nas províncias romanas da Anatólia e da península balcânica: eles saquearam as costas asiáticas, destruíram o templo de Éfeso, chegaram a penetrar em Atenas e avançaram sobre Rodes e Creta. Durante o regime de Aureliano (270-275), obrigaram os romanos a se retirar da província da Dácia, no outro lado do Danúbio. Os godos que viviam entre os rios Danúbio e Dniester receberam o nome de visigodos ("godos do oeste"[carece de fontes?]). Os do outro ramo, que no século IV se haviam estabelecido na área que viria a ser a Ucrânia, foram denominados ostrogodos, nome que, segundo parece, significa "godos do leste" (em alemão diz-se Westgoten e Ostgoten, o que significa precisamente Godos do Oeste e Godos de Leste, respectivamente)[carece de fontes?].
Beowulf, o herói do poema épico homônimo, era um Godo.

História
A única fonte da história inicial dos godos é a Getica de Jordanes (publicada em 551), um resumo da história dos godos em doze volumes perdida, que foi escrita por Cassiodoro por volta de 530. Jordanes nem mesmo deve ter tido o trabalho nas mãos para consulta, e esta fonte primária deveria ser considerada com cuidado. Cassiodoro estava no lugar certo para escrever sobre os godos, por ser ele um dos principais ministros de Teodorico o Grande, que certamente havia ouvido algumas das canções góticas que falavam de suas origens tradicionais.
Vários historiadores, inclusive Peter Heather e Michael Kulikowski, argumentam que a Getica de Jordanes apresenta uma genealogia fictícia de Teodorico e uma história fictícia dos godos por propósitos de propaganda, e lançam dúvida sobre a origem escandinava, sobre as supostas dinastias reais e sobre o suposto reino de Ermanerico no século IV.
Outras fontes principais para a seqüência da história gótica incluiem a "Historiae" de Amiano Marcelino, que menciona o envolvimento gótico na guerra civil entre os imperadores Procópio e Valente em 365 e relata a crise dos refugiados e a guerra gótica de 377-382 e o "de bello gothico" de Procópio de Cesareia, que descreve a guerra gótica de 535-552.
De acordo com Jordanes, os godos são originários da Escandinávia (Scandza). Seu local de origem mais específico foi provavelmente Gotland ou possivelmente Götaland na atual Suécia. Eles teriam se separado das tribos próximas, os gutar (gotlanders) e talvez dos götar (geats, citados como gautigodos e ostrogodos por Jordanes), que são à vezes incluídos no termo godos por volta do século I (mas a Gutasaga deixa aberta a possibilidade do contato prolongado). Eles migraram para sudeste ao longo do Vístula durante o século II (a Gothiscandza de Jordanes; ver cultura Wielbark), estabelecendo-se na Cítia, que eles chamaram de Oium ("terras das águas") a partir do século II (ver cultura Chernyakhov). De acordo com contos lendários, a capital desse reino era Árheimar, no rio Dnieper.
Apesar da maioria dos guerreiros nômades demosntrassem ser sanguinários, os godos eram temerosos porque os cativos capturados nas batalhas eram sacrificados ao seu deus da guerra, Tyr, e as armas tomadas eram penduradas em árvores como oferendas. Seus reis e sacerdotes eram procedentes de uma aristocracia separada e seus reis míticos do passado eram honrados como deuses.
No século III, os godos se dividiram em dois grupos, os Tervingi ou visigodos ("godos ocidentais") e os Greuthungi ou Ostrogodos ("godos orientais"). Os visigodos iniciaram uma das primeiras grandes invasões "bárbaras" do Império Romano a partir de 263, saqueando Bizâncio em 267.Um ano depois, eles sofreram uma derrota devastadora na batalha de Naissus e foram expulsos para além do Danúbio em 271. Esse grupo então se fixou e estabeleceu um reino independente centralizado na província romana abandonada da Dácia.
Tanto os ostrogodos quanto os visigodos nitidamente se romanizaram durante o século IV pela influência do comércio com os bizantinos, e por sua participação em um pacto militar com Bizâncio para ajuda militar mútua. Eles se converteram ao arianismo durante esta época. A dominação huna do reino ostrogodo iniciou-se na década de 370, e sobre a pressão dos hunos, o rei visigodo Fritigern em 376 solicitou a Valente (então o imperador romano do oriente) que permitisse que ele se estabelecesse com seu povo na margem sul do Danúbio. Valente deu a permissão, e até mesmo ajudou os godos a cruzar o rio, provavelmente na fortaleza de Dorostorum, mas devido à escassez eclodiu a guerra gótica de 377-382, e o imperador Valente foi morto na batalha de Adrianópolis.
Os visigodos sob Alarico I saquearam Roma em 410. O imperador Honório concedeu-lhes a Aquitânia, onde eles derrotaram os vândalos e em 475 já governavam a maior parte da península Ibérica.
Enquanto isso, os ostrogodos se libertaram do domínio huno após a batalha de Nedao em 454. A pedido do imperador Zenão I, Teodorico o Grande a partir de 488 conquistou toda a Itália. Os godos foram brevemente reunificados no começo do século VI sob Teodorico o Grande, que se tornou regente do reino visigótico após a morte de Alarico II na batalha de Vouillé, em 507. Procópio de Cesareia, escrevendo nesta época, interpretou o nome visigodos significando "godos ocidentais" e ostrogodos como "godos orientais", o que correspondia à distribuição de então dos reinos godos.
O reino ostrogodo persistiu até 553 sob Teia, quando a Itália caiu brevemente sob controle bizantino, até a conquista dos lombardos em 568. O reino visigodo durou mais, até 711 sob Rodrigo, quando capitulou à invasão omíada da Andaluzia.

Origens
Explicando as origens dos godos, Jordanes relata:
O mesmo mar poderoso alcança também na sua região ártica, que está no norte, uma grande ilha chamada Scandza, a partir de onde minha narração (pela graça de Deus) deve ser iniciada. Quanto à raça cuja origem vocês procuram saber, que avança como um enxame de abelhas a partir do centro dessa ilha e penetram nas terras da Europa. [...] Agora saindo dessa ilha de Scandza, a partir de uma colméia de raças ou de um útero de nações, os godos foram chamados a sair de sua terra há muito tempo atrás por seu rei, chamado Berig. Tão logo eles desembarcaram de seus navios e puseram os pés em terra, eles imediatamente deram seu nome ao lugar. E até hoje esse lugar é chamado Gothiscandza. Logo os godos se deslocaram dali até o local onde residiam os Ulmerugi, que então habitavam às margens do Oceano, onde montaram acampamento, entraram em batalha com eles e os expulsaram de seus lares.
No século I, Tácito localizou os Gothones ao sul do Mare Suebicum, o mar Báltico:
Para além dos Lugii residem os Gothones, sob o governo de um rei; e por isso mantém sujeição mais rígida que as outras nações germânicas (sic), mas não tão rígida para extinguir toda sua liberdade. Imediatamente a eles estão os rugios e os lemovianos na costa do oceano, e o que caracteriza estas nações são um escudo redondo, uma espada curta e um governo real.
Plínio, o Velho os chamou de Gutones. De acordo com Plínio, eles eram um dos maoires povos germânicos, sendo um dos cinco. Ele também afirma que o explorador Píteas de Massilia (século IV) os encontrou em sua expedição a um "estuário" no norte, (o mar Báltico, pelas referências de Plínio ao âmbar encontrado nas praias). Uma data anterior ao século I é dessa forma confirmada. Estrabão[11] também menciona que Marbod, após passar um tempo agradavelmente com Augusto, passou a comandar quase todas as tribos da Germânia, inclusive dos Boutones. que é geralmente interpretado como uma grafia equivocada para Goutones, latinizado Gutones. Para os godos escandinavos, nós temos Ptolomeu, que menciona os Goutai vivendo no sul da ilha de Skandia.
Devido à figura central que os godos têm desempenhado na história, suas origens têm sido discutidas por muito tempo. Embora nenhuma teoria alternativa tenha sido proposta para o surgimento de tribos germânicas no que hoje é o norte da Polônia, alguns historiadores têm dúvidas de que os godos sejam originários da Escandinávia. Isto deve-se ao fato de que, não se levando em consideração Jordanes, as mais antigas evidências literárias não ambíguas sobre os godos (Tácito e Plínio, o Velho) os coloca no Vístula no século I. Alguns afirmam que não há evidências conclusivas para uma migração à época do nascimento de Cristo, e assim acreditam que a origem escandinava deveria ser tomada como uma inventio .
Por outro lado, o acadêmico alemão Wenskus aponta que se Jordanes quisesse ter inventado um passado fictício para os godos, ele teria afirmado que eles seriam descendentes de um local de mais prestígio como Tróia ou Roma. Ele não teria localizado suas origens no norte bárbaro. Além disso, ele estava escrevendo para godos que eram familiares às suas tradições. Além dos escritos de Jordanes, há evidências lingüísticas e arqueológicas que apóiam a origem escandinava.


Do século I ao IV
As evidências arqueológicas são procedentes das culturas Wielbark e Chernyakhov. As evidências literárias incluem a Paixão de Santa Saba assim como a tradução da Bíblia de Úlfilas. As evidências históricas incluem a Historiae de Amiano Marcelino e a História da Igreja de Filostórgio entre outras.


Arqueologia

A área verde representa a extensão tradicional de Götaland e a área em lilás é a ilha de Gotland. A área em vermelho representa a extensão da cultura Wielbark no começo do século III, e a área em laranja representa a cultura Chernyakhov, no começo do século IV. A região em púrpura representa o Império Romano
Na atual Polônia, a mais antiga cultura material identificada com os godos é a cultura Wielbark[14], que substituiu a cultura Oksywie local no século I. A substituição aconteceu quando um assentamento escandinavo foi estabelecido na zona de separação entre a cultura Oksywie e a provavelmente cultura Przeworsk vândala.
Todavia, durante o final da Idade do Bronze Nórdica e o começo da Idade do Ferro Pré-romana (c. 1300 a.C. - 300 a.C.), esta região sofreu influências do sul da Escandinávia. De fato, a influência escandinava na Pomerânia e no atual norte da Polônia a partir de 1300 a.C. foi a partir daí tão considerável que esta região é às vezes incluída na cultura da Idade do Bronze Nórdica[17].
Acredita-se que os godos tenham cruzado o mar Báltico em algum momento entre o fim da Idade do Bronze Nórdica (300 a.C.) e o ano 100 de nossa era. De acordo com perquisas antigas, na tradicional província sueca de Östergötland, evidências arqueológicas mostra que houve uma despovoação geral durante este período. No entento, isto não é confirmado nas publicações recentes[19]. Os assentamento na atual Polônia provavelmente correspondem à introdução de tradições funerárias escandinavas, tais como círculos de pedra e menires, que indicam que os primeiros godos preferiam sepultar seus mortos de acordo com as tradições escandinavas. O arqueólogo polonês Tomasz Skorupka afirma que a migração a partir da Escandinávia é uma questão confirmada:
Apesar das muitas hipóteses controversas quanto à localização da Scandia (por exemplo, na ilha de Gotland e nas províncias de Västergötland e Östergötland), o fato é que os godos chegaram ao que hoje é a Polônia vindos do norte cruzando o mar Báltico em barcos é certo.
No entanto, a cultura gótica também parece ter tido continuidade a partir das antigas culturas da região[21], o que sugere que os imigrantes se mesclaram com as populações nativas, talvez fornecendo sua aristocracia em separado. O acadêmico de Oxford, Heather, sugere que foi uma migração relativamente pequena a partir da Escandinávia. Este cenário tornaria a migração através do Báltico similar a muitos outros movimentos populacionais na história, tal como a [[Anglo-Saxõesinvasão anglo-saxã], onde os imigrantes impuseram suas próprias cultura e língua sobre as locais. A cultura Willenberg/Wielbark se deslocou para sudeste em direção à região do mar Negro a aprtir da metade do século II. Foi a parte mais antiga da cultura Wielbark, localizada a oeste do Vístula e que possuía tradições funerárias escandinavas, que iniciou o deslocamento. Na Ucrânia, eles se impuseram como governantes da cultura Zarubintsy local, provavelmente eslava, formando a nova cultura Chernyakhov (c. 200 - c. 400).
Há evidências históricas e arqueológicas de contatos contínuos entre os godos e as populações do sul da Escandinávia durante as migrações dos primeiros no século VI.

Padrão de assentamentos
Os assentamentos Chernyakhov ficavam nos campos abertos nos vales dos rios. As casas incluem residências subterrâneas, residências de superfície e barracas. O maior assentamento conhecido (Budesty) possuía 35 hectares. A maioria dos assentamentos era aberta e não fortificada. Algumas fortalezas são também conhecidas.

Práticas funerárias
Os cemitérios Chernyakhov incluem funerais de cremação e de inumação; entre os últimos, a cabeça está para o norte. Alguns túmulos foram deixados vazios. Objetos encontrados nas tumbas incluem cerâmica, pentes de osso e ferramentas de ferro, mas quase nunca qualquer arma[27].

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