quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mitos e lendas-Pirata


Um pirata (do grego πειρατής, derivado de πειράω "tentar, assaltar", pelo latim e italiano pirata) é um marginal que, de forma autônoma ou organizado em grupos, cruza os mares só com o fito de promover saques e pilhagem a navios e a cidades para obter riquezas e poder. O estereótipo mais conhecido do pirata se refere aos piratas do Caribe e cuja época áurea ocorreu principalmente entre os séculos XVI e XVIII.
Atualmente o termo é utilizado para se referir à cópia não-autorizada e à distribuição ilegal de material sob direito autoral, especialmente música, imagem, vestuário e software (warez).


História da pirataria

Um pirata cavando à procura de um tesouro.
O primeiro a usar o termo pirata para descrever aqueles que pilhavam os navios e cidades costeiras foi Homero, na Grécia antiga, na sua Odisseia. Os piratas são aqueles que pilham no mar por conta própria, embora hoje em dia este termo já seja aplicado a qualquer pessoa que viola alguma coisa (como por exemplo os piratas do ar ou os piratas informáticos).
Eles navegavam nas rotas comerciais com o objetivo de apoderarem-se das riquezas alheias, que pertencessem a simples mercadores, navios do estado ou povoações e mesmo cidades costeiras, capturando tudo o que tivesse valor (desde metais e pedras preciosas a bens) e fazendo reféns, para extorquir resgates. Normalmente esses reféns eram as pessoas mais importantes e ricas para que, assim, o pedido de resgate pudesse ser mais elevado.
Primeiramente a pirataria marítima foi praticada por gregos que roubavam mercadores fenícios e assírios desde pelo menos 735 a.C. A pirataria continuou a causar problemas, atingindo proporções alarmantes no século I d.C., quando uma frota de mil navios pirata atacou e destruiu uma frota romana e pilhou aldeias no sul da Turquia.
Na Idade Média, a pirataria passou a ser praticada pelos normandos (que atuavam principalmente nas ilhas britânicas, França e império germânico, embora chegassem mesmo ao Mediterrâneo e ao mar Morto), pelos Muçulmanos (Mediterrâneo) e piratas locais.
Mais tarde esta difundiu-se pelas colônias europeias, nomeadamente nas Caraíbas, onde os piratas existiam em grande quantidade, procurando uma boa presa que levasse riquezas das colónias americanas para a Europa, atingindo a sua época áurea no século XVIII.

Desenho representando um pirata com tapa-olho, espada, perna de pau e um papagaio no ombro.
Do fim do século XVI até o século XVIII, o Mar do Caribe era um terreno de caça para piratas que atacavam primeiramente os navios espanhóis, mas posteriormente aqueles de todas as nações com colônias e postos avançados de comércio na área. Os grandes tesouros de ouro e prata que a Espanha começou a enviar do Novo Mundo para a Europa logo chamaram atenção destes piratas. Muito deles eram oficialmente sancionados por nações em guerra com a Espanha, mas diante de uma lenta comunicação e da falta de um patrulhamento internacional eficaz, a linha entre a pirataria oficial e a criminosa era indefinida.
As tripulações de piratas eram formadas por todos os tipos de pessoas, mas a maioria deles era de homens do mar que desejavam obter riquezas e liberdades reais. Muitos eram escravos fugitivos ou servos sem rumo. As tripulações eram normalmente muito democráticas. O capitão era eleito por ela e podia ser removido a qualquer momento.
Eles prefiriam navios pequenos e rápidos, que pudessem lutar ou fugir de acordo com a ocasião. Preferiam o método de ataque que consistia em embarcar e realizar o ataque corpo a corpo. Saqueavam navios de mercadores levemente armados, mas ocasionalmente atacavam uma cidade ou um navio de guerra, caso o risco valesse a pena. Normalmente, não tinham qualquer tipo de disciplina, bebiam muito e sempre terminavam mortos no mar ou enforcados, depois de uma carreira curta, mas transgressora.
No auge, os piratas controlavam cidades insulares que eram paraísos para recrutar tripulações, vender mercadorias capturadas, consertar navios e gastar o que saqueavam. Várias nações faziam vista grossa à pirataria, desde que seus próprios navios não fossem atacados. Quando a colonização do Caribe tornou-se mais efetiva e a região se tornou economicamente mais importante, os piratas gradualmente desapareceram, após terem sido caçados por navios de guerra e suas bases terem sido tomadas.
Desde aí a pirataria vem perdendo importância, embora em 1920 ainda tivesse a sua importância nos mares da China.
Atualmente, a pirataria revela-se mais incidente no sudeste asiático e ainda nas Caraíbas, sendo os locais de ataque espaços entre as ilhas, onde os piratas atacam de surpresa com lanchas muito rápidas.


Portugal corso


O corso português tornou-se comum no século XIV, altura em que D. Dinis contratou Manuel Pessanha, ficava com um quinto da riqueza dos barcos e com os navios e as armas destes. A partir de 1443 os corsos portugueses passaram o tributo, tal como pagavam a D. Dinis, de um quinto das pilhagens efectuadas ao Conde D. Henrique. Um dos principais objectivos dos portugueses era dominar o estreito de Gibraltar de modo a combater parte da pirataria e do corso sarraceno, assim como com o domínio deste espaço este se tornaria num importante entreposto comercial. O corso português destacou-se principalmente contra o reino de Granada, no sul de Espanha, enfraquecendo assim o domínio deste reino muçulmano na Europa.
Em 1446 reuniram-se as cortes em Lisboa, onde os mercadores algarvios, representados pelos armadores de Tavira queixaram-se das perseguições e pilhagens dos compatriotas armados lhes faziam a eles e aos aliados cristãos (castelhanos, galícios, aragoneses, entre outros), fazendo assim com que o Algarve perdesse a sua importância como ponto de cabotagem. Entre os corsos portugueses desta época destacaram-se Gonçalo Pacheco, Mafaldo, Lançarote etc.

Portugal no Oriente
Quando chegou a Calecute, Vasco da Gama atacou três embarcações e fez diversos reféns, provocando assim a autoridade de Calecute. Calecute respondeu e perseguiu os navios portugueses, contudo Vasco da Gama fez uma acção de represálias, e ao se cruzar com a primeira esquadra atacou-a. Antes de regressar, a frota portuguesa foi atacada por um importante corso e pirata, Timoji, que foi repelido de imediato, e mais tarde veio a prestar grandes serviços aos portugueses. Para além destes violentos acontecimentos, os navegadores portugueses praticariam outros violentos e cruéis actos de corso no Oriente.
Para oriente da costa do Coromandel, nomeadamente no Golfo de Bengala e no mar da China, onde o território marítimo era mais difícil de controlar, existiram vários piratas, que eram principalmente portugueses. Estes fora da lei eram foragidos, desertores e renegados. No Golfo de Bengala, em Dianga, existia uma comunidade corsária instalada em 1540, que era principalmente constituída por portugueses. Entretanto o governador de Goa começou-se a sentir ameaçado por esta comunidade, e então fez-lhes um ataque onde matou seiscentos e expulsou os restantes, no entanto só veio a ser definitivamente exterminada em 1666. Além desta comunidade, ainda actuavam no extremo oriente corsos-mercadores portugueses, de onde se destacou António de Faria, mas também existiam salteadores nativos. Sabe-se que existiram muitos mais aventureiros do género na zona, no entanto não existiam narradores para testemunhar as histórias, sendo o principal narrador Fernão Mendes Pinto.

O corso francês e suas implicações
De início, os países ibéricos fizeram frente ao corso europeu porque tinham espiões espalhados pela Europa. Já no século XVI a França era coordenadora de actividades corsárias e piráticas, que eram o reflexo da tentativa de estabelecer um comércio ultramarino, na altura em que a França se tentava instalar no Novo Mundo. Quando a França começou a explorar os oceanos já tinha praticamente de um século de atraso em relação aos países ibéricos, este atraso ficou-se a dever à infracção da ordem jurídico-política da época, nomeadamente do Mare Clausum, uma bula em que a exploração do oceano atlântico estava restringida aos estados ibéricos.
Em 1503 um navio francês de grande tonelagem, o Espoir partiu com o objectivo de chegar à Índia pelo oceano, ajudado pelos portugueses Sebastião Moura e Diogo Coutinho, bons conhecedores das rotas atlânticas e índicas. Contudo, apanhado por uma tempestade, o navio ficou impossibilitado de avançar e os aventureiros foram ter à costa brasileira, de onde levaram várias mercadorias exóticas. Teve sorte em não encontrar qualquer barco português, mas ao chegar, foi atacado por piratas, que lhe roubaram a mercadoria e fundearam o navio, e além deste infortúnio ainda foram punidos por violarem o Mare Nostrum.
Vinte anos mais tarde foi Verrazano a tentar, que falhou na primeira tentativa, e na segunda chegou à América do Norte, contudo, apesar de tanto fracasso o piloto genovês acabou por conseguir atrair capitais de áreas geográficas distintas mais uma vez, tal como das duas anteriores. Desta vez dois dos quatro barcos regressaram após uma tempestade, um naufragou e o outro continuou até Samatra e no regresso naufragou. Os dois que regressaram fizeram escala no Brasil de onde levaram mercadorias. Após a motivação pelos lucros de Vezarrano, muitos outros armadores franceses aventuraram-se para chegar às terras asiáticas, e outros para o Brasil. Em 1528 chega finalmente um navio francês ao porto de Diu, onde é capturado, causando grande consternação no governador de Samatra.
Na segunda metade do século XVI, os huguenotes, agora aliados com os cristãos franceses, lançaram sucessivos ataques à navegação ibérica, e devido ao motivo destes serem protestantes, cada vez que se encontravam com embarcações católicas tornavam-se em assassinos sanguinários. Estes actos de violência são visíveis no episódio em que estes se encontraram com a nau Santiago, em que assassinaram brutalmente a sua tripulação de missionários jesuítas, e a situação repetiu-se, mais vezes. Após estes ataques, os reis católicos tomaram medidas para combater estes piratas e corsos, reforçando a guarda da costa portuguesa e brasileira. Alguns dos corsos franceses capturados da costa brasileira, eram entregues aos indígenas, que por sua vez os comiam (antropofagia).

O saque do Funchal
No dia 3 de Outubro de 1566, uma expedição de Jean Monluc desembarcou perto do Funchal oitocentos a novecentos arcabuzeiros. Como a cidade não estava bem defendida devido à falta de armas e soldados, a ocupação desta foi fácil, tanto mais que dos pilotos era português e conhecia bem o terreno, que mais tarde foi enforcado em Lisboa por traição. Apesar da fraca defesa, Monluc foi ferido e morreu ao fim de três dias. Após dezesseis dias de permanência os piratas abandonaram o Funchal após vários actos de vandalismo, entre os quais contam-se duzentos moradores mortos, as moradias destruídas e pilhadas, destruíram os engenhos e plantações de açúcar e atearam incêndios e cometeram sacrilégios nas igrejas. Os reforços de Lisboa só chegaram ao fim de dezoito dias, já os piratas haviam partido. Os oito navios da frota francesa mais os dois que se encontravam presos no porto do Funchal partiram carregados de móveis, panos, jóias e trezentos escravos rumo às Canárias, onde se livraram da mercadoria roubada. O verdadeiro objectivo desta expedição nunca chegou a ser bem esclarecido.

Os ataques franceses no Antigo Regime
Por um período de cinco anos, desde 1706 os armadores maluínos tomaram como primeiro alvo os comboios do ouro do Brasil, mas agora, em vez dos habituais navio de tonelagem baixa (de 20 a 120 toneladas), ou do corso médio (fragatas de cento e cinquenta a trezentas toneladas) que actuavam isoladamente nas águas do canal da mancha ou da costa da Irlanda, passou-se a um novo tipo de corso, o grande corso. O grande corso requeria esquadras com um mínimo de quatro a cinco navios, com capacidade para combater a escolta das dos comboios. Ao primeiro ataque do género foi em 1706, contra a frota portuguesa de 150 naus e seis vasos de guerra fortemente artilhados, segundo J. S. da Silva e era a mais imponente e rica que entrara em Lisboa, quando vinte naus e um dos vasos de guerra se separaram dos restantes. Os corsos não se conseguiram apoderar na primeira tentativa, onde a aproximação foi feita com um pavilhão da Inglaterra (potencial aliada de Portugal), mas seguiram uma nau que ficara destruída na retaguarda e ficou para trás, mas quando René Duguay-Trouin a ia para tomar esta afundou-se com todo o tesouro. Mais tarde, Trouin foi chamado a Versalhes por Luís XIV, onde lhe foi concedida uma frota de dez navios com quatrocentos e sessenta canhões, mas desta vez o ataque foi planeado para os Açores. Mas como após três meses o comboio tardava a aparecer e a água escasseava, Trouin decidiu atacar os navios que iriam fazer a escolta das ilhas até Lisboa. Decidiram atacar a ilha de S. Jorge, depois de desembarcados os setecentos homens e pilhados os armazéns de vinho e trigo, abateu-se uma grande tempestade sobre o arquipélago e estes foram obrigado a regressar, revelando-se assim esta expedição onde se gastara trezentas mil a quatrocentas mil libras um verdadeiro fracasso. Não contente com o fracasso da expedição, atacou alguns navios ingleses e a frota da Virgínia.
Ver artigo principal: Invasões francesas do Brasil

O corso holandês e suas implicações
Ver artigo principal: Invasões holandesas do Brasil
Os holandeses fizeram várias incursões para conquistar o Brasil, mas aqui só iremos tratar dos ataques feitos por corsos holandeses. Dado que os holandeses não conseguiram nenhuma autorização para praticarem o comércio no território brasileiro, tiveram de optar pela invasão do território, nomeadamente através do corso, tentando conquistar este. Mesmo durante as Tréguas dos Doze Anos os ataques corsos às embarcações portuguesas não cessou, assim como as acções piráticas. Em 1616 os holandeses apoderaram-se de vinte e oito navios à carreira do Brasil, e nos anos após o termo da paz, como é óbvio estes números ainda aumentaram mais, como por exemplo que 1623 em que chegou aos oitenta e quatro. Apesar de todos estes ataques, os holandeses não ficaram satisfeitos, e a Companhia das Índias Ocidentais em colaboração com os Estados Gerais resolveram implantar uma colónia no Brasil, o que vieram a conseguir mais tarde com a conquista da Baía. Em 1644, após a restauração, Portugal deu início à recuperação de parte do seu território no Brasil. Após a recuperação do Brasil, D. João IV deu início às carreiras em comboio, tal como a Espanha fizera no caso da América Central com a Carreira das Índias Ocidentais. Navegar em comboio consistia em sempre que as embarcações, utilizando o exemplo português, partiam do Brasil eram escoltadas por navios de guerra até Portugal, combatendo assim a acção do corso. Para terminar com o corso holandês, Portugal invadiu a Baía, conquistando-a, e mais tarde Olinda, no Recife, e mais tarde com a reconquista de Angola e S. Tomé. Em 1649 foi fundada a Companhia Geral do Comércio do Brasil, que proporcionou condições para melhorar o tráfico marítimo entre Portugal e o Brasil. Uma das inovações da companhia era a existência de dói comboios por ano escoltados por dezoito navios de guerra, cada um com vinte a tinta pesos e para melhorar a defesa em caso de ataque os navios não deviam transportar carga em excesso, sendo assim suspensa a interdição de navegação para o Brasil de navios com menos de dezasseis pesos. Também apareceu o interesse de diminuir o risco de o comboio se encontrar com o inimigo tanto quanto possível, assim, sempre que a viagem fosse antes de 20 de Agosto era feita pelo norte dos Açores até ao paralelo de 42N e depois rumar ao Porto ou a Viana do Castelo, e caso fosse posteriormente deveria passar entre as ilhas da Madeira e Santa Maria em direcção a Setúbal. Foram feitas coordenações para os navios comunicarem entre si através de sinais sonoros e visuais. A capitania deveria ser a primeira do comboio e a almiranta a última. É feito o controlo do uso do fogo a bordo, para reduzir o risco de incêndio. Graças a todas estas complexas medidas, a perda de navios vindos do Brasil diminuiu bastante, o que em parte também se deveu à desagregação e perda de territórios por parte da Holanda no ocidente e o conflito entre a Holanda e a Inglaterra.

Ataque ao 5º Conde da Ericeira
Teve como principal vítima D: Luís de Meneses, 5º Conde da Ericeira e ex-vice-rei da Índia. Viajava de regresso a Portugal quando após um furacão acostou em Saint-Denis para recuperar os estragos, com uma carga de uma rica colecção de manuscritos orientais, livros, moedas e armas, bem como uma grande quantidade de diamantes do rei, estimado entre três a quatro milhões de libras. Enquanto estava no porto, foi atacado por dois navios piratas, que com pavilhões ingleses, lá entraram e quando se encontravam a par do navio do Conde trocaram por um pavilhão pirata e abriram fogo. Fizeram-no refém, o que o fez ter de pagar um resgate de duas mil pilastras.
Foi de La Buse que nasceu o mito da caça ao tesouro, que antes de ser condenado La Buse deixou um criptograma na altura da sua morte na forca com a indicação do local onde teria enterrado o tesouro outrora roubado da nau Nossa Senhora do Cabo, do Conde da Ericeira. Em 1934 um historiador francês (Charles de la Roncière) admitiu que o tão cobiçado tesouro se poderia encontrar no arquipélago das Seychelles, onde foi encontrado um dos pontos de referência: gravuras rupestres.A3

Uma parte do butim
Cada tripulante do navio recebia uma só parte do butim, com exceção ao capitão, que recebia uma parte e meia.

Lista de piratas
Anne Bonny (pirata)
Bartholomew Roberts (pirata)
Grace O'Malley (pirata)
Edward Teach – o "Barba Negra" (pirata)
Sir Francis Drake (corsário)
Henry Morgan (corsário e bucaneiro)
John Rackham (pirata)
L'Olonnais (bucaneiro)
Martin Tromp (corsário)
Mary Read (pirata)
Roc Brasileiro (bucaneiro)

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