segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mitos e lendas-Martim Moniz


Martim Moniz

O nome de Martim Moniz está ligado à conquista de Lisboa aos Mouros e figura na memória da cidade através de uma praça com o seu nome. A lenda conta que D. Afonso Henriques tinha posto cerco à cidade, ajudado pelos muitos cruzados que por aqui passaram a caminho da Terra Santa. O cerco durou ainda algum tempo, durante o qual se travavam pequenas investidas por parte dos cristãos. Numa dessas tentativas de assalto a uma das portas da cidade, Martim Moniz enfrentou os mouros que saíam para repelir os cristãos e conseguiu manter a porta aberta mesmo a custo da sua própria vida. O seu corpo ficou atravessado entre os dois batentes e permitiu que os cristãos liderados por D. Afonso Henriques entrassem na cidade. Ferido gravemente, Martim Moniz entrou com os seus companheiros e fez ainda algumas vítimas entre os seus inimigos, antes de cair morto. D. Afonso Henriques quis honrar a sua valentia e o sacrifício da sua vida ordenando que aquela entrada passasse a ter o nome de Martim Moniz. O povo diz que foi D. Afonso Henriques que mandou colocar o busto do herói num nicho de pedra, onde ainda hoje se encontra, junto à Praça de Martim Moniz.



A lenda
De acordo com a lenda, terá sido um nobre cavaleiro que lutou com heroísmo durante aquele cerco, ao lado das forças cristãs sob o comando do rei D. Afonso Henriques (1112-85).
Ao perceber o entreabrir de uma porta no Castelo dos Mouros, atacou-a individualmente, sacrificando a vida ao atravessar o seu próprio corpo no vão da mesma, como forma de impedir o seu fechamento pelos defensores.
Esse gesto heróico permitiu o tempo necessário à chegada e o acesso dos companheiros, que assim conseguiram conquistar o castelo. Em sua homenagem, esse acesso ficou conhecido como Porta de Martim Moniz.

A história
Os dois únicos testemunhos coevos da conquista de Lisboa aos mouros são as cartas dos cruzados Osberno e Arnulfo, que, em suas narrativas, não citam nem este personagem e nem este episódio. Historiograficamente, Alexandre Herculano considerou como lendário o episódio narrado pela tradição, embora pareça plausível no contexto, à época.
Embora existam controvérsias a nível de pesquisa genealógica, alguns autores acreditam que o personagem na realidade tenha sido filho de D. Mónio Osores de Cabreira e de Maria Nunes de Grijó, casado com Teresa Afonso (que alguns genealogistas apontam como filha bastarda de D. Afonso Henriques) com quem gerou três filhos:
Pedro Martins da Torre (1???-1???), senhor da Torre de Vasconcelos (do qual provém a importante linhagem dos Vasconcelos);
João Martins de Cabreira Salsa (1???-1???);
Martim Martins de Cabreira (1???-12??) (Arcediago da Sé de Braga), que deixou testamento posterior a 1256, em que nomeou por herdeiro o seu sobrinho-neto, Estêvão Anes de Vasconcelos.
Os genealogistas apontam um outro personagem com o nome de Martim Moniz, que teria existido em 1149, casado com Ouroana Rodrigues. Filho de Moninho Viegas, senhor com possessões em Arouca, de onde era abadessa Mór Martins, filha (ou descendente) deste Martim.
Uma terceira versão, atribuída pelos genealogistas a Maria Moniz de Cabreira, irmã do herói de Lisboa, reporta que este teve um filho batizado, mas que nunca soube quem foi o pai.

O Monumento
Próximo à Porta de Martim Moniz, na antiga cerca moura de Lisboa, ergue-se um busto do herói. Em uma placa epigráfica de mármore, sobre a porta, colocada por um descendente da família Vasconcelos em meados do século XVII, lê-se:
El-Rei dõ Afonso Henriques mandou aqui colocar esta statua e cabeça de pedra em memória da gloriosa morte que dõ Marti Muniz progenitor da família dos Vasconcelos recebeu nesta porta quando atravessando-se nela franqueou aos seus a entrada com que se ganhou aos mouros esta cidade no ano de 1147. João Roiz de Vasconcelos e Sousa Conde de Castel Melhor seu décimo quarto neto por baronia fes aqui por esta inscrição no ano de 1646.
Martim Moniz é igualmente o nome de uma grande praça no sopé do Castelo de Lisboa (no coração da freguesia do Socorro), bem como da estação de metropolitano que a serve.