quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Mitos e lendas-ritual de morte




O RITUAL DA MORTE


Rituais concebidos para evitar o retorno dos mortos



O homem sempre considerou a morte de 2 maneiras diferentes.
Por um lado, a figura luminosa de S. Pedro às portas do céu;
por outro, o aspecto negro da morte empunhando uma foice, pronta ceifar vidas.

As cerimónias fúnebres reflectira sempre as 2 imagens. .Houve quem deixasse oferendas nas sepulturas dos seus entes queridos para tornar mais fácil a sua vida no outro mundo; houve quem trespassasse com estacas os corações dos mortos para se assegurar de que estes jamais regressariam do além.
No Oriente, uma das formas mais antigas de satisfazer ambos os objectivos era a cremação. O espírito, ou alma, era impulsionado pelas chamas até ao céu, enquanto o corpo era totalmente destruído pelo fogo, para que não tivesse possibilidades de assombrar a terra.

A DESTRUIÇÃO DA ALMA

Nos países cristãos,. porém, a cremação foi ilegal durante séculos, porque se opunha à doutrina da ressurreição corporal. Essa a razão por que as feiticeiras medievais eram queimadas amarradas a um poste — de modo a destruir-lhes os corpos nefandos e as almas pecadoras.
Na Grã-Bretanha a cremação começou a ser aceite há menos de 100 anos, quando o Dr. William Price, um galês excêntrico que se considerava um chefe druida, cremou o seu próprio filho. Price foi julgado em Cardiff, em 1884, e a sua absolvição — dado o juiz ter sentenciado que a cremação era legal, desde que não incomodasse ninguém —abriu o caminho para os crematórios modernos.
O enterramento, pelo contrário, destinava-se a conservar o corpo, quer devido a crença cristã no Dia do Juízo Final; quer por se considerar necessário o corpo físico no além-túmulo.
Os órgãos internos dos faraós egípcios eram cuidadosamente retirados e embalsamados separadamente dos corpos respectivos. Depois, antes de o túmulo ser finalmente selado, eram colocados no sarcófago, ao lado da múmia; deste modo se garantia ao rei morto a permanência física e integral no outro mundo, para o qual o faraó transitava.
O costume de colocar objectos junto do morto, na tumba, manteve-se durante séculos,· permitindo aos arqueólogos deduzir, através das oferendas escolhidas, as ideias dos diversos povos sobre a vida que os seus mortos iriam encontrar no além.
Os Egípcios, cuja concepção de vida do além era a de uma existência rica e luxuosa, colocavam nas tumbas ornamentos e objectos de uso doméstico. Os Vikings, incapazes de imaginarem um Céu onde não se travassem combates, sepultavam os seus heróis juntamente com as armas que usariam no Valhalla.
Pretendia-se também que o morto, fornecido do necessário no seu novo mundo, não sentisse desejos de regressar ao antigo. Originalmente,. as coroas de flores não só honravam adequadamente os mortos como actuavam como um círculo mágico que prendia a alma, impedindo-a assim de vaguear no mundo dos vivos, ao qual já não pertencia, perturbando-o.
Por motivos semelhantes, os antigos gregos colocavam na sepultura uma moeda destinada a pagar o transporte de barco através do Estige para o Hades. Na Escandinávia os mortos eram calçados, o que supostamente lhes facilitaria a longa caminhada para o outro mundo. E os Zuni, índios americanos, têm o costume de enterrar pão nas sepulturas para que o guerreiro morto, sentindo fome, não volte atrás à procura de alimento.
Em casos extremos, o costume ora resultou extraordinariamente dispendioso, como no caso do fabuloso tesouro enterrado com o jovem rei egípcio Tutankhamon, ora provocou verdadeiros holocaustos. Nos funerais dos antigos reis citas, como, por exemplo, Dano e Arianto (cerca de 500 a.) eram enterrados vivos mulheres, escravos e cavalos para os servirem condignamente .no além-túmulo.
Ainda há 100 anos muitas mulheres hindus aceitavam o costume do suttee — lançavam-se sobre as piras funerárias dos maridos para que a morte os não separasse. Embora em alguns estados da Índia esta prática fosse proibida por lei em 1829, no começo deste século os Ingleses envidavam ainda esforços no sentido de a abolir.
Os Chineses não incorrem em despesas para proverem os seus mortos dos objectos de que estes possam eventualmente necessitar depois da morte. Queimam, durante o funeral, réplicas dos bens dos seus defuntos, feitas de papel.
Os Tibetanos, que acreditam na reencarnação, dedicam tanta atenção à «arte» da morte como da vida. Quando se verifica uma morte, realiza-se um complexo ritual que inclui a leitura ao cadáver do Bardo Thõdol, o Livro Tibetano dos Mortos. Deste modo se instrui o morto sobre os mistérios que o esperam na vida extraterrena, antes do regresso à Terra, numa outra encarnaçao.

EM SEGURANÇA SOB A TERRA

As lápides funerárias obedeciam originalmente ao propósito duplo de consignarem os mortos ao cuidado de um deus e de os manterem em segurança debaixo da terra. Desde tempos primitivos que as sepulturas têm sido assinaladas com cruzes, que constituem uma reminiscência da cruz de anéis dos antigos adoradores do Sol.
Mais tarde, quando a cruz se tornou o símbolo do cristianismo, a cruz de anéis foi adoptada como o símbolo da primitiva Igreja Celta. Porém, até aos últimos anos do século XVI, a marcação das sepulturas estava, na maior parte, reservada às classes dominantes.
Mesmo a posição da sepultura podia constituir um factor importante para facilitar à alma o desprendimento do corpo. Algumas antigas tribos galesas costumavam enterrar os mortos em posição erecta, a fim de que as suas almas pudessem mais facilmente subir até ao céu.
Os túmulos cristãos estão frequentemente orientados na direcção leste-oeste, apontando para Jerusalém. No Japão, porém, os mortos são enterrados com as cabeças em direcção ao norte — superstição que se mantém tão arreigada que actualmente ainda os viajantes japoneses usam, por vezes, uma bússola a fim de, durante a noite, evitarem essa posição, que continua a ser considerada aziaga.
A morte nem sempre foi considerada como o grande factor de igualdade entre os homens. Em algumas igrejas na Escócia e na Inglaterra Setentrional, a zona norte do cemitério era reservada aos criminosos, por ser considerada de mau agoiro, enquanto os fiéis piedosos eram enterrados na parte leste, mais próxima da Terra Santa, a nobreza se encontrava sepultada no extremo sul e a gente do povo se amontoava a oeste.
Os suicidas têm sido tratados com particular dureza. Considerados auto-assassinos, era-lhes vedado o enterro em terra consagrada, e em Inglaterra, até ao ano de 1824 —data em que a lei foi alterada —, um suicida era enterrado numa encruzilhada com uma estaca trespassando-lhe o coração, pois acreditava-se firmemente que as pessoas enterradas fora de um cemitério voltariam à Terra sob a forma de espíritos malignos para atormentarem os vivos, se não fossem presas a um lugar por uma estaca. Mesmo que o espírito conseguisse libertar-se ficaria perplexo, ignorando qual o caminho que deveria escolher para alcançar o mundo dos vivos.

AS CORES DA MORTE

A morte está associada a diversas cores em sociedades diferentes. No Ocidente é o negro que assinala tradicionalmente o luto, substituído na China pelo branco, a cor que representa a felicidade e prosperidade no outro mundo.
Os Ciganos costumavam vestir-se de vermelho nos funerais, cor que simboliza a vida e energia fisicas. O vermelho era também a cor que, no mundo celta, representava a morte e pressagiava o desastre.
Para os Muçulmanos, as almas dos justos assumem a forma de aves brancas. Esta ideia estendeu-se à Europa durante a Idade Média, e durante séculos na Inglaterra o branco foi a cor do luto antes da introdução do preto.

2 comentários:

Henrik disse...

Ora bem, mais um texto para ler com outra disponibilidade mental que não a de férias e de puro «farniente» que bem caro me custou...guardadinho para ler depois:)

Unknown disse...

Olá, tudo bem?
Estou fazendo um trabalho sobre o assunto morte e gostaria de descrever alguns rituais
de morte nas diferentes culturas.
Onde achou essas informações? Pesquisou em algum livro ou na própria internet?
Muito obUm abraçorigada!